comorosasdeareia

palavras...como "rosas de areia" ou "flores do deserto"...

sábado, junho 14, 2008



Há demasiado ruído à minha volta...
Procurei o silêncio...
Fui ouvir o mar e ouvindo-o,
ouvi também As Palavras de Eugénio de Andrade...

AS PALAVRAS

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

sexta-feira, junho 06, 2008


CLAVE DE SOL

Um dia destes, pela tardinha
ao pôr do sol
vou pôr nas tuas as minhas mãos.
Quero senti-las belas, longas e esguias
tocar nas minhas sinfonias
em si bemol.
Um dia destes, pela tardinha
ao pôr do sol
quero que ponhas toda a ternura
nas pontas dos teus dedos
e com eles toques meus lábios
desvendes meus segredos
e com eles desenhes claves de sol
nos meus cabelos.
Um dia destes, pela tardinha
ao pôr do sol
vou pôr nas tuas as minhas mãos
para que nelas possas ler
na minha sina
esta paixão imensa, desmedida
este enorme si bemol
na clave de sol da minha vida ...

domingo, junho 01, 2008



INFÂNCIA

As crianças brincam na praia dos seus pensamentos

e banham-se no mar dos seus longos sonhos

a praia e o mar das crianças não têm fronteiras

e por isso todas as praias são iluminadas

e todos os mares têm manchas verdes

mas muitas vezes as crianças crescem

sem voltar à praia e sem voltar ao mar

A Voz Fagueira de Oan Timor

Fernando Sylvan