PÁTRIA
Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Do longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
- Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.
Sophia de Mello Breyner
7 Comments:
At 2:16 da manhã, wind said…
Activista em poema e na vida, Sophia de Mello Breyner fez lindospoemas, entre eles, este:)beijos:))**
At 1:50 da tarde, fotArte said…
Olá Maria,
Obrigado por teres partilhado connosco este lindo poema.
Bjs e passa um bom domingo ;)
At 9:49 da tarde, JPD said…
Um poema admirável da Sophia.
Boa escolha, maria!
(Aliás, como sempre)
bjs
At 12:50 da tarde, lique said…
Em tantas coisas se reconhece a Pátria! E em tantas outras nos dói esta pátria nossa!
Sophia, sempre. Uma torrente límpida.
Beijinhos, Maria
At 6:15 da tarde, Anónimo said…
olá
Lindo blog
At 10:51 da tarde, Manel do Montado said…
(...)Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo.
Bela escolha o poema dessa grande figura das letras que foi SM-BA.
Beijo e voltarei,
Bom feriado
At 9:07 da tarde, M.P. said…
Lindo este Poema de Sophia! O nosso País em desencanto corresponde a esta Pátria assim descrita. Bom fim de semana, Maria! Espero que esteja tudo bem contigo! **
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