
LUGAR DE JUNHO
É melhor não dormirmos
sob o árido labirinto da tristeza.
À nossa frente existe um pórtico
purificado por uma névoa de sons.
Vamos transgredir o limiar do absurdo,
porque encontramos um abrigo musical,
onde ninguém pode separar as nossas bocas
o percurso das águas outonais.
É verde o germe do sol nos nossos olhos
e, sem querer, a sombra de um pretexto
emerge do assombro de nós próprios
como um regresso plural da inocência.
Estamos num lugar de Junho
e qualquer sinal de ausência
pode ser apenas um veleiro
que partiu dos nossos dedos.
Graça Pires
3 Comments:
At 7:44 da manhã,
Sonia Schmorantz said…
Gosto muito dos poemas de Graça Pires, tenho muitos, mas este eu não conhecia, um belo poema para junho que hoje começa.
beijo e boa semana
At 10:09 da tarde,
Manuel Veiga said…
poema de intensa vibração. e de enorme beleza...
gostei muito de ler aqui.
a Graça é dotada de enorme talento literário.
beijo
At 5:33 da tarde,
Graça Pires said…
Mais uma vez esta casa me recebe.
Bem haja. Um beijo.
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