
EXÍLIO
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades.
Sophia de Mello Breyner Andersen

UTOPIA
Cidade,
sem muro nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
não do lobo mas irmão
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
toma o fruto da terra
é teu, a ti o deves
lança o teu
desafio
Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
este rio, este rumo, esta gaivota
que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
Zeca Afonso