FOGO PRESO
Quando se ateia em nós um fogo preso,
o corpo a corpo em que ele vai girando
faz o meu corpo arder no teu aceso
e nos calcina e assim nos vai matando
essa luz repentina até perder alento,
e então é quando
a sombra se ilumina,
e é tudo esquecimento, tão violento e brando.
Sacode a luz o nosso ser surpreso
e devastados [nós] vamos a seu mando,
nessa prisão o mundo perde o peso
e em fogo preso [à noite] as chamas vão pairando
e vão-se libertando
fogo e contentamento,
a revoar num bando
de beijos tão sem tento
que não sabemos quando
são fogo, ou água, ou vento,
a revoar num bando
de beijos tão sem tento
que perdem o comando
do próprio esquecimento.
Vasco Graça Moura
8 Comments:
At 11:25 da tarde, wind said…
Forte como o fogo:) Beijos:))**
At 4:40 da tarde, M.P. said…
Em Amor, somos TUDO... Também um BOM feriado para ti, Maria... **
At 6:59 da tarde, Orlando said…
Ola Maria,
a tua tradução do haiku foi uma das escolhidas pelo nosso convidado. Um novo desafio aguarda todos os amantes da poesia...
At 9:34 da tarde, Anónimo said…
Belissimo. Gosto do GM.
és uma ternura de menina, Maria.
Um beijinho do amigo, Zé
At 10:01 da tarde, JPD said…
Olá maria
Fizeste uma escolha excelente.
Bjs
At 11:00 da tarde, Nilson Barcelli said…
Até cheira a pólvora este poema.
Grande poeta.
Boa escolha e eu não conhecia este poema.
Beijo e bfs
At 5:16 da tarde, Anónimo said…
Fogo solto. Jorrar por todos os poros. E se o autor se "limitasse" a escrever poesia.. rss
Beijo
At 7:11 da tarde, Anónimo said…
Lamento por Diotima
O que vamos fazer amanhã
neste caso de amor desesperado?
ouvir música romântica
ou trepar pelas paredes acima?
amarfanhar-nos numa cadeira
ou ficar fixamente diante
de um copo de vinho ou de uma ravina?
o que vamos fazer amanhã
que não seja um ajuste de contas?
o que vamos fazer amanhã
do que mais se sonhou ou morreu?
numa esquina talvez te atropelem,
num relvado talvez me fuzilem
o teu corpo talvez seja meu,
mas que vamos fazer amanhã
entre as árvores e a solidão?
Vasco Graça Moura.
Baci, baci tutti
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