Morreu Eugénio de Andrade.
Morreu, de facto, mas deixou de si o essencial…
A sua alma de poeta ficou entre nós para sempre, que de palavras também se faz a eternidade…
Não me apetece dizer “Paz à sua alma” ou “ Que Deus lhe dê o eterno descanso”.
Prefiro dizer:
- Que “Deus” o tenha…
Onde me levas, rio que cantei,
Onde me levas, rio que cantei,
esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?
Onde me leva?, que me custa tanto.
Não quero que conduzas ao silêncio
duma noite maior e mais completa.
com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.
Deixa-me na terra de sabor amargo
como o coração dos frutos bravos.
pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.
Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.
Há outra fase na vida transbordante:
que seja nessa face que me perca.
Eugénio de Andrade
6 Comments:
At 10:12 da tarde, M.P. said…
Descanse em Paz... Viverá sempre na sua Poesia! **
At 11:35 da tarde, JPD said…
Olá maria!
Eugénio deixou obra de um valor estético extraordinário.Apenas nos compete saber apreciá-la e divulgá-la. Já não será pouco.
Bjs
At 4:17 da tarde, Anónimo said…
Que "Deus" o tenha e os homens o guardem (acrecento, se me permites)
Beijo, Maria
At 9:16 da tarde, wind said…
Que deus o tenha! beijos:)**
At 1:02 da manhã, Anónimo said…
'que de palavras também se faz a eternidade…1
é isso,Maria. que o guardemos nósem nós, também.
um beijo grande.
At 12:06 da manhã, Anónimo said…
Os poetas não morrem...
Sei-te especial.
Beijinhos Maria
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