
Estou de volta e comigo a chuva de que tanto gosto…
No “meu” Douro, enchi os olhos da beleza com que o Outono, com a sua paleta de cores ímpar, pinta, socalco a socalco, as folhas das videiras agora despojadas de uvas, mas plenas de cor, numa generosidade única que vai para além da dádiva do fruto…
Depois, ao fundo, o rio, aguarela maravilhosa em que, como por magia, tudo se mistura, reflexo de céu e terra, flores e frutos, suores e cantares, abnegação e paz…
Mergulhando o olhar neste rio que os montes aconchegam no seu seio, lavei a alma e regressei mais forte…
Que venham agora mansamente a chuva, os poentes de névoa, as noites maiores e todos os aconchegos de que só as estações tristonhas alegremente são capazes…

CHOVE!
Chove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.
José Gomes Ferreira